terça-feira, 17 de junho de 2008

Oficina de Leitura Crítica da Publicidade - EEFM Joaquim Moreira de Sousa


1ª PARTE - 7h30min às 9h05min

Apresentação: Análise da publicidade comercial e reflexão crítica do papel da publicidade;

Conceitos a serem trabalhados: Publicidade como ferramenta de marketing, diferença entre publicidade e propaganda, apresentação de algumas mídias e suas diferenças, importância da publicidade como veículo de comunicação;

Metodologia de trabalho: Aula expositiva;

Objetivos: Mostrar a forte presença da publicidade na vida das pessoas, lançando bases para discutir o seu papel na sociedade, e de quais formas os alunos podem utilizar a publicidade no seu cotidiano escolar.

1) Apresentação (5 minutos):

Cada aluno irá dizer seu nome, sua idade e para que curso pretende prestar vestibular, se faria publicidade ou não e o porquê.

Os alunos estavam bastante descontraídos, foi fácil fazer com que ficassem à vontade. Apenas dois dos quinze apresentaram o curso de publicidade como opção no vestibular. Os demais não conheciam muito a respeito do curso, mas revelaram interesse.

2) Dinâmica (15 minutos):

Procedimento: A turma será dividida em dois grupos onde será lançado o seguinte desafio: a equipe que lembrar o maior número de marcas de roupas num tempo determinado e sem repetição será a ganhadora. As marcas serão anotadas no quadro e a primeira equipe que não conseguir lembrar alguma marca perde a competição.

Objetivo: Esse desafio servirá como contextualização do bloco teórico, onde será exposto que o responsável pela lembrança de tantas marcas pelas pessoas é a propaganda.

Os alunos mostraram-se extremamente participativos na dinâmica. Foi incrível perceber como o recall de marcas voltadas para o segmento de público ao qual pertenciam os alunos era esmagador.


3) Bloco Teórico (25 minutos):

Através de uma aula expositiva, será mostrado onde a publicidade se encontra dentro do marketing; será abordada a diferença entre publicidade e propaganda e serão apresentadas algumas mídias que poderiam ser facilmente utilizadas pelos alunos, especificando suas diferenças através de exemplos. Após este momento, será mostrada a importância e o papel da publicidade como fonte de informação, forma de promover transformações ou instrumento de alerta e reflexão sobre problemas sociais.

Depois de termos um vencedor, explicamos aos alunos que a publicidade estava em tudo na sociedade moderna. Pedimos que citassem aonde elas ouviam falar nessas marcas, e apresentamos o conceito de mídia, que seria o meio pelo qual a mensagem publicitária chega até o seu público. Explicamos a respeito da necessidade das mídias serem adequadas ao público de certo produto, para adentrarmos o conceito de marketing, mostrando em que parte a publicidade estava inserida. Exibimos peças que mostravam a publicidade como meio de informação, e os alunos contribuíram com exemplos. A peça sobre direito dos homossexuais acendeu um debate que envolveu todos os alunos por muitos minutos, sobre como o problema era tratado na escola. No fim, alertamo-los sobre o que acabara de acontecer: a publicidade gerando reflexão e troca de experiências. Mostramos materiais de propaganda que poderiam ser confeccionados por eles como fanzines, panfletos, folders e cartazes, explicamos ainda sobre o teatro radical e sobre outras formas alternativas de mudar a realidade através de uma idéia.

4) Exercício Prático (30 minutos):

Os alunos irão produzir um anúncio para a escola. A turma será dividida em grupos de quatro pessoas. Serão distribuídas cartolinas, canetinhas, lápis de cor, giz de cera e revistas para a produção da peça. Cada equipe será orientada a expor algum ponto negativo na escola, sugerindo alguma forma de reverter essa situação, ou divulgar algum projeto importante da escola.

Os alunos mais uma vez foram super receptivos à dinâmica. Com canetinhas em punho, cada grupo abordou um tema relevante à vida escolar. Um grupo quis abordar o preconceito contra os homossexuais na escola, mas não acharam gravura condizente, apenas uma com várias pessoas nuas e tivemos que explicar que a foto não traria o tom sério que causaria a reflexão que eles pretendiam nos demais estudantes. Dissemos que poderiam desenhar, exprimir-se de outras formas, mas acabaram preferindo tratar sobre a suspensão da merenda escolar para os alunos do Ensino Médio. O outro grupo preferiu falar da exclusão do terceiro ano aos cargos de diretoria do grêmio da instituição, e o terceiro a respeito da falta de educação generalizada no que tange ao lixo, pois ao fim do dia as salas de aula encontram-se imundas.

5) Análise da atividade realizada (20 minutos):

Cada equipe apresentará e defenderá seu trabalho, lançando bases para a discussão sobre os problemas pensados e desenvolvidos por eles.

Todos pareciam orgulhosos de seus trabalhos e foi possível perceber muito empenho. Discutimos a respeito dos problemas e até que ponto a publicidade que confeccionaram seria realmente efetiva contra eles, quais os elementos que uma publicidade deveria ter e o porquê da necessidade de um publicitário chamar atenção na sua peça, abordando quais as ferramentas que possivelmente utilizaria para fazê-lo.

INTERVALO – 9h05min às 9h25min

2ª PARTE - 9h25min às 11h30min

Apresentação: Publicidade na sociedade;

Conteúdos a serem trabalhados: Propagandas, preconceitos e racismo;

Metodologia de trabalho: Apresentação de anúncios;

Objetivos: Refletir sobre o papel do publicitário como formador de opinião.

1) Dinâmica (20 minutos):

Procedimento: Serão distribuídos papéis com a letra da música “A vida é minha” da banda Capital Inicial para que os alunos possam acompanhar a letra à medida que assistem ao videoclipe oficial:

Objetivo: Provocar um debate sobre o papel do publicitário como formador de opinião, colocando em plenário:

- O que você acha que a música quer dizer?

- Qual mensagem a banda quis passar no que diz respeito à publicidade com essa letra?

- A publicidade tem dialogado com as pessoas de forma certa?


O videoclipe foi muito elogiado. O grupo relatou casos de pessoas que perdiam a noção do ridículo para se enquadrarem nos padrões da moda, ditados principalmente pelas propagandas. Perguntaram quem decidia as tendências, se existia um grupo específico responsável por isso ao que explicamos que apesar de existir o conceito de grupos de referência, a coisa está situada muito mais numa esfera macroestrutural, ou seja, numa séria de fatores que caracterizariam uma conjuntura, do que mesmo num pequeno grupo que definiria ou não o belo, o moderno, o “in”. Assim, houve nitidamente reflexão para o modo como se recebia a mensagem publicitária, estando os alunos certamente mais conscientes de que necessitam perceber a publicidade de uma forma crítica.

2) Bloco Teórico (20 minutos):

Através de uma exposição de anúncios, serão mostradas várias propagandas que polemizaram a sociedade por apresentar elementos preconceituosos e racistas.

Foram mostradas peças onde a mulher é estigmatizada com corpo-objeto, diminuindo a mulher, e outras peças onde a moda elege padrões esqueléticos de beleza. O terceiro assunto foi o do preconceito racial, onde os alunos levantaram o tema de que a publicidade parece lançar mão disso justamente para angariar para os produtos os holofotes, pois é impossível que pessoas experientes como supostamente seriam os publicitários de grandes empresas não atentarem para o fato de que uma minoria racial poderia sentir-se atingida por alguma referência a sua inferioridade. Foi possível perceber que aos poucos caía uma espécie de véu dos olhos de certos alunos, alguns mais, outro menos, mas todos caminhando para a aquisição de um caráter crítico.











3) Exercício Prático (30 minutos):

Os alunos irão produzir um texto para os publicitários a fim de alertá-los sobre a melhor forma de falar sobre determinado assunto. Cada equipe escolherá o assunto apresentado que lhe chamou mais atenção.

Equipe Cerveja: “Para uma propaganda de cerveja não precisaria de mulheres despidas e sim mostrar o entrosamento entre amigos; não mulher como objeto, e sim como mulher.”

Equipe Moda: “As propagandas publicitárias têm que valorizar o ser humano, independente de raça, classe social, tipo físico e outros valores que tornam uma sociedade diferente. Um exemplo de exclusão social na publicidade é nas propagandas de moda onde aparecem modelos magras, bonitas, brancas e com um certo conhecimento na mídia. Isso é preconceito com pessoas gordas e negras, pois a propaganda é feita para todos. Todas as pessoas compram roupas, todo mundo se veste, então por que os gordos e os negros não fazem parte das propagandas de moda?”

Equipe Racismo: “O racismo é um dos maiores preconceitos do mundo. Poucos negros fazem parte da sociedade, além de ter muitos programas de TV que tem racismo. Um exemplo é o BBB onde só aparece um negro na casa. O preconceito no Brasil é muito grande: contra os negros, os deficientes e os homossexuais.”

4) Reflexão sobre a atividade realizada (25 minutos):

Cada equipe apresentará seu texto, refletindo sobre a melhor forma de se comunicar com a sociedade.

Os textos foram lidos e embora tenha sido possível perceber que nem todas as equipes entenderam a contento a proposta do exercício, houve empenho, mas fizeram muito mais uma dissertação sobre o tema do que mesmo uma sugestão publicitária que servisse de alternativa à forma como se abordam os temas publicitariamente. Os alunos mostraram-se realmente gratos pela oficina, pessoalmente não imaginávamos que fosse tão importante para eles receber a atenção de alguém, expor suas opiniões e serem ouvidos. Não apenas percebemos sua gratidão, como também verbalizaram educadamente ao final da oficina todo seu agradecimento.

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