sábado, 23 de junho de 2007

Relatório- Oficina de rádio

Planejamento: História do Rádio/ Notícia no Rádio

Objetivo:
Oferecer aos participantes da oficina, num primeiro momento, uma visão abrangente e concisa da história do rádio, perpassando esta desde a experiência pioneira de Marconi até o debate sobre a atual problemática das rádios comunitárias no Brasil. Em um segundo momento, serão dadas noções de notícia no rádio, como transmiti-la num contexto radiofônico.

Facilitadores: Aurimar Monteiro, Carlos A. Moreira

A oficina será realizada das 8h às 12h e das 14h às 18h do dia 27 de maio de 2007, na cidade de Pentecoste, Ceará. A oficina fará parte do PRECE – Projeto de Educação em Células Cooperativas.

Programação:
A oficina será dividida em dois momentos. Durante o primeiro bloco de horário, de 8h às 12h, será dada a História do Rádio. No segundo bloco, a Notícia no Rádio.

Às 8h, horário previsto para o começo da oficina, pretende-se fazer uma ampla abordagem da história do rádio, fundamentando-se nos primeiros experimentos de Guglielmo Marconi na Inglaterra, em 1896, até a chegada da transmissão radiofônica em terras tupiniquins, a 7 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro.

Às 8h30, começará a abordagem sobre o rádio no Brasil. Entre outros pontos, serão explorados o surgimento e a história das principais emissoras de rádio no País, assim como os momentos políticos vividos pelo Brasil correspondentes à situação da radiofonia, como:

1.As dificuldades vividas pelo rádio brasileiro na década de 1920;

2.seu uso político engendrado a partir da política nacionalista de Getúlio Vargas durante seu primeiro mandato (1930-1945);

3.a “era de ouro do rádio brasileiro” nos anos 1940;

4.o surgimento da televisão como concorrente na década de 1950 e seus desdobramentos para o rádio;

5.a abundante programação musical iniciada nos anos 1960, expandida durante o decênio seguinte, principalmente pela profusão de rádios FMs em todo o País.

Às 9h30 pretende-se particularizar a discussão para o campo cearense. A partir de então, reportaremo-nos à primazia da emissora Rádio Clube Cearense, fundada por João Dummar em 1931.

Em seguida, à Rádio Iracema de Fortaleza, segunda emissora cearense, fundada em 1948; à “emissora do pássaro” Rádio Uirapuru, fundada em 1956 e seu destaque enfaticamente jornalístico e esportivo; à emissora Rádio Dragão do Mar, fundada em 1958 e seu forte oposicionismo ao governo; à emissora Rádio Verdes Mares, a “verdinha”, inaugurada a julho de 1962, de forte apelo político.

Às 10h o conteúdo deve ser direcionado às modalidades do rádio e seus desdobramentos locais e até mesmo mundiais. Experiências relacionadas às rádios livres, bem como as rádios de guerra e/ou guerrilha, rádios piratas e rádios comunitárias, serão relatadas. A escala de discussão desenvolver-se-á em âmbito mundial, particularizando-se para o cenário brasileiro e, por fim, para o contexto cearense.

Na última meia hora, o espaço de tempo reservado deve ser destinado ao debate sobre as rádios comunitárias no Brasil, abordando seus imbróglios jurídico-administrativos, os inúmeros processos de autorização e legalização arquivados no Ministério das Comunicações, assim como as repressões (fechamentos) às mesmas, praticadas seja pela Polícia Federal, seja pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), ambas com respaldo do poder judiciário.

Intervalo das 12h às 14h

Às 14h deve se iniciar um conteúdo teórico sobre a notícia radiofônica. De primeiro deve-se apresentar uma explanação conceitual do formato radiofônico noticioso. Logo após, serão distribuídos alguns cadernos de jornal (a ser definido) para os participantes, que deverão pôr em prática o conceito teórico que fora explicado.

Ao término, deveremos analisar conjuntamente com os alunos os resultados obtidos, com ressalvas, críticas, sugestões e (por que não?!) elogios.

Às 16hs veremos o filme “Rádio Favela”, cuja temática é a luta diária de uma rádio comunitária de Belo Horizonte, que leva o mesmo nome do filme. O filme deve-se encerrar por volta das 17h30. Imediatamente após o encerramento da película, vamos “aproveitar o embalo” da temática abordada e, a partir daí, engendrar uma nova discussão sobre as rádios comunitárias, iniciada no bloco anterior da oficina e continuado, com mais conteúdo, nesse instante.

A reunião tem prevista o seu término por volta das 18hs.

Relatório da Oficina de Notícia no Rádio

Em virtude de contratempos relacionados à oficina que seria realizada na Associação Sonho Infantil, de última hora escolhemos a oficina de História do Rádio e Notícia no rádio, ligada ao PARC. O espaço de tempo para preparação que tivemos foi pouco, por isso o esforço e o desgaste redobrados. Partimos para a cidade de Pentecoste, local de realização da oficina, no último dia 27 de maio, domingo, às 6h20.

Chegamos por volta de 8h20. De lá fomos direto ao PRECE (Programa de Educação em Células Cooperativas), onde falamos com Jocélio Simplício, um dos participantes da oficina. Ele nos esclareceu que fazia parte do programa Coração de Estudante, veiculado pela Rádio Difusora Vale do Curu, e que este começaria às 9h.

Inicialmente, de 8h às 12h, a oficina seria voltada à história do rádio, e de 14h às 18h, o tema seria notícia no rádio. Com o imprevisto, tratamos de realizar uma espécie de “assessoria” no programa, debatendo os principais pontos a respeito da programação e da história de Coração de Estudante.

De 13h às 17h, por conta do horário dos ônibus de volta à Fortaleza, a oficina trataria da notícia no rádio e, ao final, seria palco de debate sobre as rádios comunitárias. O horário do programa, excepcionalmente, foi de 9h às 12h. Normalmente, aos domingos, o horário vai de 9h às 11h.

Fomos à rádio na companhia de Jocélio, que nos apresentou a rádio e aos outros membros do programa, dentre eles Edílson Costa, um dos locutores e produtor de Coração de Estudante aos domingos. O programa transcorreu normalmente e, enquanto isso, um levantamento de dados foi feito por nós durante os intervalos (musicais). O “raio x” do programa está nas páginas seguintes.

Às 12h, fomos almoçar. Às 13h, fomos levados à casa de Marciano Moreira, um dos locutores de Coração de Estudante durante a semana. Lá seria realizada a segunda parte da oficina, voltada à notícia no rádio. Participaram da oficina Jocélio Simplício, Edílson Costa e Marciano Moreira, além dos alunos do curso de Comunicação Social da UFC Aurimar Monteiro e Carlos Moreira.

Houve, de início, uma explanação teórica dos conceitos de notícia no rádio. Do material pesquisado constou dois livros relacionados ao tema, além de uma xérox da cadeira de Radiojornalismo I, cursada pelos alunos da Comunicação no semestre 2006.2. Os “nossos alunos” pareciam atentos às explicações e demonstraram interesse no assunto.

Depois das elucidações, fomos à prática. Um exemplar do jornal O Povo foi trazido à oficina como fonte de pesquisa. A idéia era a seguinte: dentre os cadernos do jornal, seriam escolhidas algumas notícias, e estas seriam vertidas ao formato radiofônico, no estilo manchetado.

A impressão dada pelos alunos foi confirmada na prática. Todos eles assimilaram bem as informações anteriormente fornecidas e a conversão do material noticioso impresso para o material noticioso radiofônico foi realizada com um sucesso ímpar.

Afora alguns poucos erros (vícios de linguagem e períodos longos, por exemplo), o material apreendido foi de ótima qualidade. Entre uma matéria vertida ao rádio e outra, muitos pontos de discussão foram postos à baila, o que nos ajudou na compreensão da realidade na rádio e de quem não havia, ainda, tido um trabalho de capacitação para otimização dos resultados práticos em rádio. O dinamismo da oficina foi fundamental para a melhor interação entre o nosso grupo.

Às 15h, o filme Rádio Favela foi visto e, às 16h30, logo após seu término, foi iniciada uma discussão sobre as rádios comunitárias. Um ponto interessante que rendeu uma boa conversa foi o do processo de trâmite para legalização das rádios comunitárias no Brasil.

Dentre o material trazido que foi deixado com os alunos da oficina, um parecer jurídico de um advogado acerca das rádios comunitárias esclareceu a importância de uma rádio ter convênio com alguma instituição acadêmica para tornar-se legalmente uma rádio comunitária, tomando por base a intitulação de um projeto experimental.

Edílson se mostrou motivado com as explicações e disse que as principais lideranças da rádio Vale do Curu tentarão entrar com um processo de autorização como rádio comunitária por conta da parceria com o PARC, esta conveniada com a Universidade Federal do Ceará.

Esta oficina, que se encerrou por volta das 17h20, foi a primeira realizada com o grupo. Deve ser continuada por outros alunos, com outras temáticas correlatas ao rádio. A que realizamos foi bastante proveitosa e bem sucedida, segundo os próprios participantes. Estamos, pois, gratos por dar o primeiro de muitos passos para fazer de Coração de Estudante um programa radiofônico de excelência.


Relatório sobre o Programa Coração de Estudante

O programa Coração de Estudante é veiculado pela Rádio Difusora Vale do Curu, ZYH-622, AM 1560 KHz. Dirigido pelo deputado estadual Avelino Forte (PSB), o programa surgiu em maio de 2005 e faz parte do PRECE – Projeto de Educação em Células Cooperativas.

Coração de Estudante é veiculado em todos os dias da semana, sendo estes os seus horários: de segunda a sexta-feira, das 13hs às 14hs; de 7h às 8h, aos sábados; aos domingos, de 9h às 11hs.

A área de abrangência da rádio estende-se pelas cidades de Pentecoste, Apuiarés, Tejuçuoca, Paramoti, General Sampaio, Umirim, São Luiz do Curu e toda a região do Vale do Ceará.

O expediente do programa veiculado aos domingos conta com: Edílson Costa, Jocélio Simplício (locutores) e Francisco Mendes (operador de som). Cada dia da semana corresponde a uma equipe diferente, com exceção ao operador de som.

Durante quase todos os dias da semana, com exceção ao domingo, o programa é temático. Às segundas-feiras, o conteúdo veiculado gira em torno da agricultura; às terças-feiras, da cidadania; às quartas-feiras, da educação; às quintas-feiras, da política (esta é coberta especialmente por Edílson, que acompanha as sessões plenárias na câmara dos vereadores do município de Pentecoste); às sextas-feiras, da cultura; aos sábados, da comunidade. Aos domingos, a temática é diversificada, constituindo uma espécie de “resumão” dos conteúdos abordados durante a semana.

Constatações
Há um grande engajamento político dentro da equipe do programa. Essa ênfase vem sob forma de comentários, que quase sempre se colocam, improvisadamente, após a transmissão das notícias.
O programa não conta com muitos parceiros. Os principais são a COAMP (Central de Organização Administrativa Municipal de Pentecoste) e o SINDSEP (Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Pentecoste).

Primeiramente houve uma parceria com a Prefeitura Municipal de Pentecoste. Após certo tempo, a assessoria da prefeitura mostrou-se incomodada com as denúncias políticas e as críticas feitas pela rádio à prefeitura. O diretor da rádio Avelino Forte decide, pois, romper a parceria com a Prefeitura Municipal de Pentecoste.

As principais observações, no entanto, vêm sob o aspecto estrutural e funcional, tanto dos membros do de Coração de Estudante como de sua programação.

Dentre outras, as principais são:
  • Dificilmente há uma reunião de pauta para o programa (há, porém, uma reunião do mês, para avaliar o andamento do programa);
  • Os roteiros são manuais, sempre passíveis a mudanças de última hora;
  • As matérias, em geral, são retiradas, ipsis litteris, de sites de internet e e-mails, não são vertidas ao formato radiofônico;
  • Não há equipe de reportagem (algum membro da equipe de programa e/ou voluntários ajudam na apuração de notícias nas comunidades abarcadas pela área de cobertura da Rádio Difusora Vale do Curu. Nesse momento, a questão do combustível das motos usadas pela equipe e/ou voluntários pesa: o recurso vem do próprio bolso);
  • A captação de recursos para impressão de notícias é dificultosa (por muitas vezes, a EPC (Escola Popular Cooperativa), responsável pelas impressões, tem sua máquina impressora quebrada. Quando não o é, os cartuchos de tinta acabam);
  • Por fim, faz-se visível o despreparo dos membros do programa, haja vista a falta de capacitação para os mesmos.
O objetivo final de nossa oficina e das próximas, que trabalharão com o mesmo grupo de participantes, é o de oferecer suporte com vistas ao aperfeiçoamento das atividades do programa. Nesse aprimoramento, deve-se incluir os conceitos de roteiro, produção, reportagem etc.

A notícia ficou ao encargo da oficina de 27 de maio, realizada ao grupo pelos alunos Aurimar Monteiro e Carlos Moreira. Seus conceitos deram a entender serem captados pelo grupo participante, que prometeu aplicar a capacitação dada para os próximas dias.

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