segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Análise da Assessoria de Comunicação do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA-CEARÁ)


Ainda em 2009, em meio às discussões sobre a construção do Acquário, projeto do governo do Estado voltado para o turismo, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedeca) tomou a voz. A organização não governamental entrou com uma ação contra o órgão administrativo responsável e lançou uma nota técnica aberta para a sociedade. Era uma forma de manifestar-se e fazer ouvir aqueles que lutam pela garantia e efetivação dos direitos da criança e do adolescente. 

Os argumentos eram contundentes. No documento, dados comparativos. “Enquanto o governo do Estado irá gastar R$ 250 milhões na construção de um aquário, mais de 69 mil alunos da escola pública não conseguem ler palavras simples ou, nem ao menos, reconhecer o próprio nome”, dizia. Outros dez motivos eram apresentados ao leitor. Com informações bem apuradas e analisadas por especialistas, o Cedeca provava por “a + b” aquilo que fora destinado a fazer dentro de seu nicho de atuação. 

“Nós atuamos mostrando as violações cometidas pelo Estado. Seja por infração direta, ou por omissão”, explica a assessora da instituição, Aline Baima. O trabalho de Aline como jornalista responsável pela ONG é fazer barulho. Mas um barulho tão grande que possa chegar a ser ouvido pelos mais altos cargos do poder executivo. Para tanto, Aline tem suas estratégias. Ações judiciais, notas, publicações, seminários e um constante trabalho junto à imprensa cearense, que funciona, nesse caso, como uma espécie de “caixa de ressonância” das denúncias e análises produzidas pela organização. 

Durante a realização do nosso trabalho, tivemos tempo de conhecer, estudar e refletir sobre o Cedeca como instituição e sobre sua assessoria de comunicação, área da instituição ocupada por colegas de profissão. Aline Baima – na época, assessora da instituição – foi nossa guia. 

O trabalho que nos foi apresentado foi um trabalho avaliado, pela maioria, como eficiente. O Cedeca propõe atuar em três eixos temáticos, direito à participação de crianças e adolescentes, direito da proteção e direito ao desenvolvimento, e com estratégias e três estratégias, proteção jurídico-social, mobilização social e produção e difusão de conhecimento público. Dessa forma, sua atuação é sistematizada, tornando-se, portanto, mais eficiente. Dentro desses eixos, a assessoria de imprensa desempenha papel fundamental. Em todos os projetos desenvolvidos pela ONG, a assessoria se destaca como a responsável por criar materiais impressos e digitais, seja na parte textual seja na parte gráfico. 

A produção de materiais impressos é outro ponto forte da instituição. As publicações organizam o material produzido em encontros e seminários promovidos pelo Cedeca e são distribuídas a jornalistas e a outras instituições afins. Aos jornalistas, também são ofertados cursos e oficinas específicas sobre temas envolvendo a criança, o adolescente e a mídia, conscientizando e qualificando os profissionais que são formadores de opinião. 

A atuação junto à imprensa do Cedeca é bastante eficaz. A instituição consegue emplacar pautas sobre a infância e a adolescência e, mais importante, conseguiu tornar-se fonte de referência no assunto. Dessa forma, sempre que um tema envolvendo a criança e o adolescente na mídia, o Cedeca é consultado e tem a oportunidade de fazer ser ouvida a sua opinião. 

Por outro lado, a assessoria de comunicação do Cedeca ainda apresenta algumas falhar que poderiam ser corrigidas. À época da nossa entrevista, a assessoria era composta por uma jornalista e por uma estagiária. Hoje em dia, nenhuma das duas continua trabalhando na instituição. As responsáveis pela assessoria, além do trabalho de contato com a imprensa, compilação de dados, produção e revisão das cartilhas e comunicação interna. Dessa forma, algumas áreas ficavam descobertas ou não eram completamente desempenhadas. 

É o caso da comunicação interna, que era realizada por meio de um quadro branco, que se refere aos “voluntários para entrevistas com a imprensa”. Nem sempre, no entanto, o quadro era atualizado e, às vezes, alguns membros do Cedeca iam à imprensa sem o conhecimento da assessoria. Além disso, também eram feitos boletins de notícias e malas diretas, nem sempre produzidos com a periodicidade devida. A periodicidade também era um ponto prejudicado quando observávamos as cartilhas e o jornal “Na pauta da infância”. De bimestral, o jornal passou a ser publicado apenas em “datas importantes”. 

O site do Cedeca também possui alguns problemas. Algumas abas e seções do site não funcionam e nem todas as publicações produzidas pelo Cedeca estão disponíveis em formato online. 

No momento, o Cedeca encontra-se sem assessoria de imprensa. Todos os problemas observados parecem recair sob a questão do grande volume de trabalho para uma mão-de-obra pequena. Uma possível solução seria a contratação de mais estagiários para o desempenho de funções mais simples, como o clipping e alimentação de site/ redes sociais. Uma outra possibilidade são parcerias a serem fechadas com grupos do meio acadêmico para ações pontuais, como, por exemplo, a produção de cartilhas. 

Equipe: Aline Lima, Aline Moura, Ana Isabel Díaz, Liana Costa e Nina Ribeiro

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