terça-feira, 16 de junho de 2009

Livre pra comunicar

Trabalho de Campo - Oficinas
• Leitura Crítica da Mídia
• Rádio.
Data: 4, 5 e 6 de junho de 2009.
Local: Alojamento MST
Facilitadores: Amanda Sampaio, Monyse Ravena, Raquel Dantas e Samaísa dos Anjos.
Semestre: 2009.1


A proposta era instigante: oficinas de leitura crítica da mídia e de comunicação em geral para grupos da sociedade civil. Talvez a primeira idéia que venha a cabeça de todos nós seja trabalhar com adolescentes em escolas. Bem, essa é uma alternativa interessante, porém resolvemos ousar um pouco mais.
A escolha então foi trabalhar com o Setor de Comunicação, juventude e cultura do Movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. A idéia primeira era de “descer” até um dos assentamentos que possuem Rádios Livres em seu território e trabalhar a partir do local de vivência e militância desses jovens camponeses, porém como quase tudo desse “lado do mundo” as coisas se inverteram. As oficinas agora seriam realizadas aqui mesmo em Fortaleza, no alojamento do Movimento com jovens de todas as regiões do estado.
E assim foi, nem tudo saiu como planejamos, mas conseguimos realizar 3 dias de oficinas diante de rostos atrevidos e curiosos. Ao total foram 12 horas de oficina entre exposição de idéias, debates, prática, risadas, músicas, mística.
A mística da luta do MST se fez presente o tempo todo, fosse na bandeira exposta na sala, nas palavras de ordem, nas músicas cantadas a cada vez que iríamos iniciar as atividades e isso contribuiu para que nós também entendêssemos para que essa comunicação servir dentro da dinâmica da luta social.
Não vamos dizer aqui que nos preparamos longamente para essas oficinas, pois isso não ocorreu, mas escolhemos temas que de alguma maneira já tínhamos alguma intimidade, já conhecíamos autores, referencias, atividades e aqui destacamos como principal aporte para as oficinas de rádio Dioclécio Luz, com seu bonito livro “Como fazer rádios comunitárias na intenção de mudar o mundo”. Ajudou também em nosso trabalho o áudio de alguns programas cedidos pela Rádio Universitária.
A escuta desses áudios ajudou a apurar o censo crítico dos jovens que participavam das oficinas quanto a suas próprias gravações. Vale ressaltar que uma das maiores dificuldades para a execução da oficina de rádio foi à falta de infra-estrutura técnica.
Gostaríamos de destacar também um momento que do curso que não estava inserido dentro da carga-horária da nossa oficina, mas do qual participamos: um animado debate sobre concessões e o papel das Rádios Livres no Brasil e no MST. Esse momento foi um dos mais animados do curso, pois as discussões se aproximaram muito da vivencia e da prática cotidiana desses militantes.
O programa completo do curso trazia ainda discussões sobre comunicação, cultura, indústria cultural, hegemonia e atividades culturais como a exibição de vídeos e não esquecendo que o curso se encerrou com os militantes do setor de comunicação, juventude e cultura se juntando a cerca de 700 famílias em um bonito ato em defesa do Pronera – Programa Nacional de Educação em Áreas de Reforma Agrária, que se realizou na sede do INCRA – Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

1° Dia – Leitura Crítica da Mídia
Cronograma:
14h - Mística de abertura e dinâmica de apresentação (60 min)
Nesse primeiro momento, o grupo apresentou uma Mística de abertura do encontro e fizemos uma dinâmica de apresentação do grupo.
15h - O que é comunicação? (60 min)
No segundo momento, o grupo discutiu o que a comunicação representa para eles, como eles se comunicam, a questão da comunicação como um direito de todos e a realidade da comunicação em suas cidades, em suas casas.
16h – Intervalo (20 min)
16:20h – Criminalização (1h 40min)
Partimos do ponto do direito a comunicação para tratar de como os meios de comunicação são utilizados dentro do contexto social. O grupo debateu sobre a criminalização dos movimentos sociais, em especial o MST, trazendo exemplos do cotidiano de cada um a respeito do tema.

2° Dia – Rádio
Cronograma:
14h – Mística (30 min)
14:30h - Bloco Teórico (60 min): O rádio como meio de comunicação e a linguagem radiofônica.
O objetivo do bloco teórico era de discutir o rádio como um meio de comunicação diversificado e abrangente, além de passar noções sobre a linguagem usada para a construção de notícias para rádio, as peculiaridades que precisam ser respeitadas para que o rádio seja usado potencialmente, a maneira de falar, a proximidade do ouvinte.
15:30h – Bloco Prático (30 min): Notícias
O objetivo era colocar as noções passadas e discutidas em prática, por isso, os facilitadores indicaram ao grupo uma notícia do jornal do MST para ser adaptada para a linguagem radiofônica.
16h – Intervalo (20 min)
16:20h – Avaliação das notícias (40 min)
Os grupos leram suas notícias e a partir daí, o grupo discutiu as estruturas, as palavras utilizadas, a pontuação, a escolha das informações e os caminhos para melhorar e aproximar a linguagem da ideal para o rádio.
17h – Bloco Prático (30 min)
A partir da discussão sobre as notícias adaptadas do meio impresso para a linguagem radiofônica, o grupo foi convidado a construir outras notícias pensando os conceitos trabalhados e os problemas apontados na avaliação.

3° Dia – Rádio
Cronograma:
14h – Mística (30 min)
14:30h – Avaliação do bloco prático (30 min)
Cada participante leu sua notícia (a maioria tratando dos problemas nas cidades de cada um). O grupo discutiu novamente sobre a linguagem, o tamanho, a construção das frases, além de haver uma discussão sobre a realidade da comunidade de cada um.
15h – Gravação das notícias (30 min)
O objetivo da gravação das notícias era de trabalhar os conceitos de como se falar para rádio. Cada participante gravou sua notícia isoladamente, em seguida, o grupo se reuniu e ouviu o produto das gravações.
15:30 – Notícias Rádio Universitária (30 min)
Nesse momento, os facilitadores trouxeram trechos de programas da Rádio Universitária para que o grupo ouvisse, discutisse e avaliasse.
16h – Intervalo (20 min)
16:20h – Programação e Roteiro
Neste momento, os facilitadores realizaram uma explanação sobre a importância da programação em uma rádio comunitária e que tipo de enfoque a rádio deveria abordar em seus programas. Foram abordados também alguns gêneros de programas que poderiam ser produzidos na rádio. O conteúdo foi baseado no livro Rádios Comunitárias, na intenção de mudar o mundo de Dioclécio Luz.

17:00 - Avaliação dos 3 dias de oficina
O grupo destacou como pontos positivos a metodologia adotada durante os dois dias de oficina, a escolha do tema central – Rádio, os exercícios práticos propostos, as discussões sobre a função social do rádioe também sobre linguagem radiofônica. Destacaram como pontos negativos a falta de estrutura técnica (equipamentos) para a realização da oficina. O grupo também fez sua avaliação da oficina, destacando as dificuldades em se prepará-la, mas a satisfação em realizá-la.

Nenhum comentário: